Uma das realidades mais determinantes nos últimos anos é o rápido envelhecimento da população mundial. As pessoas idosas são cada vez em maior número e pensa-se que no futuro esta realidade terá ainda um maior peso. Distintamente nos países mais desenvolvidos, os progressos na prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças permitiram uma importante redução na mortalidade infantil e um número crescente de pessoas de idade avançada. Estes factos, conciliados com uma redução no número de nascimentos e uma maior eficácia da intervenção médica nos adultos, originou, quer um aumento no número, quer na proporção de idosos relativamente à população geral.
O prolongamento da vida poderá ser para muitas pessoas vivido com saúde e com condições económicas dignas, desde que a sociedade se envolva no sentido de procurar alcançar a qualidade de vida para toda a população, ao longo do curso de vida.
Sabemos que na atualidade falar de velhice é falar de potencialidade.
Segundo Teresa Bazo (2005), “ Envelhecer bem é um conceito que começa a adquirir grande importância uma vez que foram erradicados os estereótipos negativos com que se abordaram os primeiros estudos gerontológicos e que um novo otimismo se estende nesse campo, fazendo perceber que as pessoas idosas são portadoras de um potencial e capacidades insuficientemente aproveitadas.
Os idosos saudáveis revelam uma sabedoria mais profunda, um melhor juízo crítico dos acontecimentos, uma perspetiva diferente e uma visão mais global das ocorrências bem como grande criatividade.
Por isso, o envelhecimento não corresponde à fatalidade de um caminhar sombrio e confinado. Pode e deve tornar-se uma fase em que se descobrem novos aspetos de vida, em que os acontecimentos são analisados numa perspetiva diferente e mais equilibrada. Pode igualmente corresponder a uma fase criativa em que se descobrem combinações novas simplificadas pela experiência colhida.
É naturalmente importante encarar o envelhecimento como um fenómeno natural em que cada um deve aceitar que há modificações que são inevitáveis com o desenrolar dos anos e compreender que todos os períodos de vida podem ter aspetos agradáveis, basta aprender a descobri-los.
O envelhecimento pode revelar-se um processo positivo, se acompanhado de oportunidades contínuas de saúde, participação e segurança.
O conceito de “ Envelhecimento Ativo” que foi introduzido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2002 corresponde ao processo de otimização de oportunidades para a saúde, participação e segurança, no sentido de aumentar a qualidade de vida durante o envelhecimento e pressupõe indivíduos competentes, capazes de vida autónoma e independente.
O aumento da qualidade de vida preconizado como objetivo fulcral do envelhecimento ativo está dependente de fatores determinantes, a saber: -na esfera pessoal (biologia e genética, fatores psicológicos);-na esfera comportamental (estilos de vida saudáveis e participação ativa no cuidado da própria saúde);- na esfera económica (rendimentos, proteção social, oportunidades de trabalho digno); -na esfera do ambiente físico (serviços de transporte público e de fácil acesso, habitação e vizinhança seguras e adequadas, água limpa, segurança alimentar e ar puro); - na esfera do ambiente social (apoio social, prevenção de violência, educação e alfabetização); -na esfera da disponibilização dos serviços sociais e de saúde (direcionados para a promoção da saúde e prevenção da doença, de acesso equitativo e de qualidade).
A análise destes fatores é importante para a implementação de políticas e programas que visam a promoção do envelhecimento ativo.
2012 é o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações e serve para informar e alertar as consciências de que o envelhecimento não é para velhos mas é para todos os cidadãos.
Com este tema, procura-se valorizar as pessoas independentemente da sua idade e promover a solidariedade entre gerações, na medida em que a sociedade precisa dos mais velhos e dos mais novos.
As Instituições Particulares de Solidariedade Social apoiam e são grandes amigas dos mais velhos, contudo, não devem olhar para os mesmos como necessitados e destinatários de cuidados, antes como pessoas, sujeitos de direitos e que têm a última palavra sobre o que pretendem para a sua vida.
Em súmula que o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações permita elucidar a sociedade de que as pessoas mais velhas têm capacidades e competências e que a partilha de saberes entre gerações é uma riqueza para as pessoas.
Citando o Padre Lino Maia a propósito desta temática do Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações ”A causa da Pessoa é a nossa causa. A pessoa é pessoa do nascimento até à morte e nós devemos interessar-nos pelas pessoas independentemente da idade, da raça, do credo”.
Envelhecer faz parte da existência humana e cada pessoa tem de ser feliz, mantendo a satisfação de viver em qualquer etapa da vida. R.P.